Por Adriana Araújo*
"Sei que tento me vencer e acabar com a mudezQuando eu chego perto, tudo esqueço e não tenho vezMe consolo, foi errado o momento, talvez,Mas na verdade, nada esconde essa minha timidez..."
Biquíni Cavadão
Biquíni Cavadão
Crianças e adolescentes tímidos geralmente mantêm relações insuficientes com seus amigos e apresentam um padrão de conduta com carência ou déficit de relações interpessoais. Com freqüência, estas crianças e adolescentes evitam ou se esquivam de contatos sociais. Como este é um problema que afeta pouco as pessoas ao seu redor, o comportamento acaba sendo banalizado, sendo considerado normal e como conseqüência, não recebe a devida atenção. "No tratamento da timidez de crianças e adolescentes é preciso também sensibilizar a família e os professores, uma vez que essa problemática se caracteriza por uma situação de comportamento internalizado, que não afeta diretamente o meio onde a criança ou o adolescente vive. Os problemas externalizados - tais como impulsividade e agressividade - chamam mais a atenção da família e dos educadores, por afetarem diretamente essas pessoas", afirma a psicóloga Adriana de Araújo, especializada em hipnoterapia educativa.
Ser habilidoso socialmente é um fator importante para o desenvolvimento humano, por isto a timidez na infância e na adolescência deve ser investigada e tratada. Relacionar-se com companheiros da mesma faixa etária é fundamental para o jovem não correr riscos de apresentar dificuldades emocionais em seu desenvolvimento. A timidez aguda, se não tratada de forma adequada, pode trazer transtornos futuros para os adolescentes e seus familiares. "O relacionamento social adequado e satisfatório é fundamental para uma vida saudável. Muitos jovens tímidos sofrem por apresentar um repertório de habilidades sociais deficitário, fator que prejudica o seu desenvolvimento cognitivo, podendo ocasionar problemas afetivos e comportamentais, posteriormente", explica a psicóloga.
Tímido pra sempre?
O senso comum prega que, uma vez tímido, sempre tímido ... Ao longo dos últimos vinte anos, porém, os estudos sobre o comportamento humano têm revelado que a timidez, ao contrário da cor dos olhos ou dos cabelos é uma característica passível de ser mudada. Uma criança inibida "não está condenada" a ser um adulto retraído. Publicada na revista americana Current Directions in Psychological Science, uma pesquisa sobre o assunto dá pistas de como se pode ajudar as crianças a vencer a inibição.
O senso comum prega que, uma vez tímido, sempre tímido ... Ao longo dos últimos vinte anos, porém, os estudos sobre o comportamento humano têm revelado que a timidez, ao contrário da cor dos olhos ou dos cabelos é uma característica passível de ser mudada. Uma criança inibida "não está condenada" a ser um adulto retraído. Publicada na revista americana Current Directions in Psychological Science, uma pesquisa sobre o assunto dá pistas de como se pode ajudar as crianças a vencer a inibição.
A chave, segundo os psicólogos da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, está no relacionamento da criança com sua mãe. A mãe tem um papel essencial na timidez de seu filho, segundo os pesquisadores. Ela deve estimulá-lo a fazer amigos, mas, ao mesmo tempo, precisa entender que timidez, num grau razoável, não é doença. Só se torna um problema quando isola a criança do mundo. Crianças extremamente tímidas não se divertem e correm o risco de, na adolescência, desenvolverem transtornos psiquiátricos, como ansiedade e fobia social.
Por cinco anos, os pesquisadores de Maryland acompanharam meninos e meninas portadores de uma mutação no gene 5-HTT, que aumenta a tendência à timidez. A primeira avaliação foi feita quando as crianças tinham 2 anos. Quando elas foram analisadas novamente, aos 7 anos, os especialistas notaram que algumas continuavam retraídas e outras não. As mães responderam, então, a um questionário sobre como haviam lidado com a introversão de seus filhos durante esse período. As mulheres mais solitárias e mais estressadas eram as mães das crianças com maiores dificuldades de socialização.
Diante de um desconhecido, a criança tímida esconde o rosto, agarra-se às pernas da mãe ou se esconde atrás delas. Como a mãe é o modelo de socialização do filho nos primeiros anos de vida, cabe a ela ajudá-lo a enfrentar situações desconfortáveis. Como se consegue isso? "Agindo naturalmente. Não adianta querer que o filho introvertido vire, de uma hora para outra, a criança mais popular da escola - provavelmente, ele nunca o será. E não há nada de errado nisso. Exigir de uma criança o que ela não pode dar só aumenta a sua angústia e reforça o seu comportamento retraído", defende Adriana de Araújo. A receita para ajudar uma criança a vencer a timidez é ir devagar, respeitando seus limites. Aos poucos, a tendência é que ela se solte e faça mais amigos.
A criança tímida deve aprender que as mudanças são necessárias e não ameaçadoras. "E importante saber que podemos ser tudo aquilo que desejamos ser, desde que haja planejamento, tempo, perseverança e capacidade de adaptação, pois ninguém está condenado a viver apenas da forma com a qual está habituado.
Esqueça os versos de Caymmi, em Modinha para Gabriela: eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim...vou ser sempre assim Gabriela, sempre Gabriela...", aconselha a psicóloga.
Causas da timidez
As causas da timidez são múltiplas. Entretanto, excetuando-se possíveis fatores genéticos, pode-se dizer que a timidez resulta de um processo. O tratamento da timidez é feito principalmente por abordagem psicológica. "Para um diagnóstico adequado, é necessário fazer uma avaliação com um profissional qualificado, que saberá indicar o acompanhamento psicológico adequado, fornecendo também orientações aos pais e professores", diz Adriana de Araújo.
As causas da timidez são múltiplas. Entretanto, excetuando-se possíveis fatores genéticos, pode-se dizer que a timidez resulta de um processo. O tratamento da timidez é feito principalmente por abordagem psicológica. "Para um diagnóstico adequado, é necessário fazer uma avaliação com um profissional qualificado, que saberá indicar o acompanhamento psicológico adequado, fornecendo também orientações aos pais e professores", diz Adriana de Araújo.
A seguir estão relacionadas algumas razões para o surgimento da timidez:
· Baixo auto-estima - a criança ou o adolescente estima, deseja, quer coisas diferentes do que ela pode realizar, deixando de dar valor a tudo o que é e o que possui. Atribui ao outro uma importância maior. Deixa de governar a si próprio e passa a viver a mercê de idéias fantasiosas de um outro que pune, é rígido e severo. Cada criança possui suas peculiaridades, diferenças, semelhanças e acima de tudo: é única. Não há valor maior que esse;
· Vergonha – a idéia de um "defeito" no ser é a percepção de que há algo errado, de que alguma coisa não está certa e que todos vão reparar, achar graça ou se ofender com aquele comportamento. A criança envergonhada tem vontade de esquecer o que aconteceu, de se esconder, desaparecer e até mesmo sumir. Se pudesse voltar atrás e corrigir aquilo que elas julgam errado, fariam com toda a certeza. Esta forma de pensar leva ao isolamento. Quando a criança está sozinha ou próxima de pessoas que confia, sente-se protegida, pois não há crítica de outros e não há ninguém que possa reclamar ou mesmo corrigir tais erros. A maior falta existente não está no erro cometido, mas na incapacidade de corrigi-lo;
· A crítica e a rigidez consigo mesmo, o medo de errar e o perfeccionismo - pensamentos de inadequação, achar-se diferente, querer acertar sempre. Pessoas tímidas perdem excelentes oportunidades de aprender a conviver com as demais por medo de se expor, trocar idéias e experiências. "É só errando que se aprende...". Criticar a si próprio é uma qualidade que, fora da medida e em excesso, deixa de ser algo bom, pois saber criticar e poder corrigir a si próprio é um sinal de maturidade, em todas as idades;
· À agressão - a timidez pode vir dissimulada através de comportamentos agressivos, geralmente expressos pelo adolescente. Momentos de raiva ou até mesmo de indiferença mantêm as outras pessoas à distância, evitando o contato, que para as pessoas tímidas se torna terrivelmente ameaçador.
*Adriana Araújo é Psicóloga e realiza o atendimento clínico em casos de depressão, ansiedade, dor crônica, estresse, síndrome do pânico, fobias (medos), traumas, angústias, desânimos, compulsões (jogo, alimentar, etc.), falta de concentração, transtornos de humor, além de fazer também a preparação psicológica de vestibulandos.
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