quinta-feira, 30 de agosto de 2007

O Poder e a força das Comunidades

Por Valéria Jureidini

Os seres humanos possuem instinto gregário, dependem de suas interações humanas para sobreviver em sociedade. O conceito da web 2.0 com suas ferramentas agregadoras veio para tornar mais potente esta manifestação biológica.

Desde os primórdios, a Internet é um meio facilitador desse processo, ela viabiliza rapidamente o contato e a busca por semelhantes. Hoje temos mais de 170 milhões de pessoas no mundo envolvidas de alguma forma em comunidades virtuais, utilizando ferramentas web 2.0. Quando o assunto é rede social, o Brasil lidera o ranking seguido por México e China.

Quando essas pessoas se unem para discutir sobre um tema de seu interesse, a força que emerge deste processo é enorme, visto que elas tem paixão pelo assunto e irão inserir novos conteúdos para provar e incrementar suas teses.

Como funcionam então as "biocomunidades digitais": Primeiro ocorre o processo de envolvimento com conteúdos de interesse através dos Agregadores (RSS), auto-organização utilizando os localizadores (folksonomia), e em seguida ocorre o encontro com outros membros por meio dos aproximadores (profiles) e, com a ajuda dos comunicadores (messenger), tecem-se as redes de interação.

Mas, de fato, uma comunidade somente chega a sua essência quando as mentes criativas partem para a colaboração (diggs e comments), chegando ao seu objetivo final que é a pulverização (convite a novos membros).

É um processo biológico e digital funcionando 24 horas por dia. É simplesmente a opinião passando totalmente para as mãos dos usuários sem que haja um poder central e influência de quem quer que seja.

Como ficam as empresas e seu marketing neste cenário de descentralização gerado pelas comunidades? Não devem tentar vencê-las, devem se juntar a elas!

Mas, lembre-se, é preciso ter coragem, deixar de lado todos os preconceitos e conceitos clichês de marketing e partir para a pró-ação.

Entrar de corpo e alma, preparar profissionais de marketing para serem os maiores agentes colaboradores da comunidade. Aproveitar o poder financeiro da instituição para trabalhar de forma honesta, verdadeira e criativa, sem cobrar nada em troca. Prover conteúdo de qualidade que agregue valor ao grupo e faça valer sua presença com cadeira e voz ativa.

A marca e o produto de uma empresa não são mais fatores isolados, eles precisam estar contextualizados, ganhar vida, precisam passar opinião, receber críticas para poder superá-las e continuarem sobrevivendo e crescendo.

As empresas precisam começar a investir na produção e geração de conteúdo. Precisam considerar em seu cardápio de soluções e produtos, o conteúdo complementar e de valor agregado. É uma nova unidade de negócios que precisa nascer nas empresas.

A partir de agora, produzir um novo tênis é estar pensando ao mesmo tempo como ele se encaixará no dia-a-dia das comunidades e que papel exercerá. Somente assim ele terá importância, caso contrário será apenas mais um na multidão.

A princípio pode parecer utopia para as missões lucrativas de uma corporação, mas não é, é um investimento a médio e longo prazo, é definitivamente a forma mais barata e eficiente de se fazer um marketing que jamais existiu. O problema é que não há mais tempo para grandes reflexões. O trem deixou a estação já faz algum tempo e a uma velocidade exponencial.

O poder viral das comunidades pode chegar a dez, cem, ou mil vezes a frente do mesmo processo feito de forma isolada (one to one). Até o conceito de CRM deveria se modernizar para C&CRM (Custommer & Community Relationship Management), mas isto é tema para um próximo artigo.

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