segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Puberdade, pior que ela só a adolescência

Por Silvana Martani
Autora e organizadora do Livro Uma Viagem pela Puberdade e Adolescência, a psicóloga é formada pelo Instituto Unificado Paulista / Faculdade Objetivo 1978 – 1982.

Eles estão com 11, 12, 13 anos. São jovens no meio da puberdade que começa aos oito anos para as meninas e aos nove para os meninos. Nessa fase são insuportáveis, questionam medem forças e reclamam por tudo: tomar banho, se pentear, almoçar, fazer tarefas, cuidar de suas coisas e estudar. Tudo é motivo para o drama regado a muita cena, choro e gritos.

Estamos presenciando a puberdade e algumas de suas manifestações mais comuns. Tudo nessa fase parece estranho, tanto para os pais como para os filhos. Os filhos se sentem diferentes, com pavio curto e irritados com tudo. Hora se sentem cansados, ora estão prontos para correr uma maratona. O que parecia certo agora parece errado, tornando a convivência muito difícil.

A puberdade é uma fase importante da vida dos jovens. É ela que possibilita o rito de passagem entre a infância e a adolescência, é nela que o luto dessa despedida é intensamente vivenciado e elaborado, é nela que o mundo começa a mudar de cor é quando o menino ou menina vão começar a sentir toda gama de mudanças físicas e emocionais que se intensificarão mais tarde.

Os pais ficam tensos, começam a se preocupar mais com as coisas que ouvem dos filhos (não que antes não se preocupassem). Seu palavreado, suas idéias, manifestações, hábitos, vontades e toda gama de comportamentos que começa agora a mudar mais rápido do que é possível se adaptar.

Mais questionadores ainda, os jovens não tem noção de como organizar as idéias, as novas competências e recursos psicoemocionais, o que acaba normalmente gerando uma série de equívocos nas relações.

Quando um comportamento é instituído, se inauguram uma série de atuações inéditas que sempre serão acompanhadas de excessos pois, como sabemos, a ponderação não é um atributo nessas circunstâncias, ou seja, quando questionam, fazem isso muito pelo prazer de exercitar o novo recurso e para se certificarem de que estão agora concordando com a tal idéia ou padrão.

Permitir que o filho se expresse e orientar seus excessos, além de ajudá-lo a encontrar a medida certa para avaliar as situações, é uma boa conduta para sedimentar o terreno de entendimentos para quando a adolescência chegar. Os pais de filhos na puberdade sabem que essas mudanças acontecem e tentam se preparar para elas, mas ninguém está pronto.

Mesmo aqueles que já passaram por isso com outros filhos podem se surpreender com às mudanças bruscas de humor, com a irritabilidade, rebeldia, a oposição constante às idéias dos pais, o desdém dos valores da infância e dificuldade de se entreter, entre outras coisas.

Com certeza, quando a puberdade se inicia os jovens estarão preparados para ela e seus muitos desdobramentos. Aos pais restará uma eterna paciência aliada a crença de tudo que será vivido, todas as brigas, a medição de forças, os choros, as atormentações - como um grande laboratório para a construção da melhor medida para aquele indiviíuo, o filho.

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