Por *Silvana Martani
Psicóloga da Clínica de Endocrinologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Organizadora e autora do Livro – Uma Viagem pela Puberdade e Adolescência
Para muitos pais as questões da escola são, sem dúvida nenhuma, o ponto nevrálgico da relação com os filhos. Não é raro percebermos nas reuniões entre pais e professores, a expressão de constrangimento e desagrado de muitos pais cujos filhos, no aproveitamento, deixaram a desejar.
A relação entre família e escola nunca foi uma coisa simples. De um lado os pais achando que a escola poderia assumir mais responsabilidades suprindo lacunas que eles hoje não conseguem contemplar e, do outro a escola que buscam negociar com essas lacunas tentando aproximar os pais de seus muros, engajando-os e tentando comprometê-los com seus filhos.
Sim, a escola precisa lutar para que os pais se comprometam com a aprendizagem de seus filhos. Cuidar da vida escolar de uma criança ou jovem não é apenas deixá-lo na escola na hora certa ou verificar de vez em quando suas lições ou suas notas, infelizmente é muito mais.
Com tantas atividades os pais nunca estiveram tão atarefados, exaustos e estressados e os filhos cada vez mais dispersos e desinteressados. Um aluno que consegue um aproveitamento satisfatório, na média exigida pela escola, é fruto de um trabalho intenso e conjunto de pais e educadores.
A escola tem o dever de oferecer aos seus alunos, instalações adequadas, limpas e arejadas, professores competentes e interessados, além de honrar o conteúdo obrigatório para cada série e representar os valores familiares.
Os pais devem zelar pela freqüência escolar de seus filhos, pela realização das tarefas e estudos em um local adequado, respeito aos professores e a escola, sua metodologia, didática e estatuto.
Parece fácil, mas quando os filhos apresentam dificuldades de aprendizagem ou de disciplina alguns pais tendem a criticar a escola e seus professores antes de avaliarem a circunstâncias e seus desdobramentos, sem perceber que estão ensinando os filhos a desculparem suas falhas, ignorando seus erros.
Um professor carismático, engraçado, comprometido e com uma metodologia de ensino bem estudada é capaz de transformar qualquer matéria chata numa delicia de se aprender, mas atrás de cada professor tem um ser humano que goza apenas de algumas dessas características.
Um aproveitamento fraco em uma matéria ou mais pode ser resultado de muitos fatores, dentre eles dificuldade de aprendizagem daquele conteúdo, desmotivação, dificuldade de relacionamento com os colegas ou com o professor, desorganização ou mesmo baixa de auto-estima somado ao excesso de expectativa dos pais, ciúme, medo, timidez, problemas familiares dentre outros.
Cada criança ou jovem tem seu ritmo, suas dificuldades e facilidades, sua forma de estudar, de entender e de se relacionar tanto com o conhecimento, como com as tarefas. Os pais precisam aprender a conhecer seus filhos e negociar com elas a melhor forma de conduzir os estudos.
Existem crianças que são muitos sensíveis aos estímulos e se distraem com facilidade, outras gostam de barulho enquanto realizam suas tarefas, há ainda as que preferem realizar suas tarefas em dois blocos (antes e depois das atividades extracurriculares), as que se cansam com facilidade, as que preferem estudar de tarde e não de manha as que tem muitas atividade e não dão conta nem do tempo e nem da exigência.
Outros problemas podem comprometer o bom andamento da aprendizagem de um aluno: problemas de visão, surdez, disritmias cerebrais, epilepsias, dislexia (dificuldade em lidar com símbolos-letras e números), disortografia (incapacidade de transcrição da linguagem oral tendo trocas auditivas), disgrafia (dificuldade de passar para a escrita o estimulo visual da palavra impressa).
Disartria (dificuldade de articular palavras, resultado de paresias, paralisias de músculos da face-fala pastosa), hiperatividade (que é ocasionada por um desequilíbrio neuroquimico cerebral, que provoca desatenção e dispersão), também interferem no aprendizado.
Porém, para que um indivíduo possa usufruir bem do que lhe é ensinado existem condições físicas, emocionais e estruturais básicas que devem ser contempladas: boas condições de moradia, incentivo dos pais ao estudo, escola comprometida com o conteúdo e o aluno, participação dos pais na vida escolar (tarefas, horários, estudo, professores), boa saúde, alimentação saudável (horários das refeições respeitados) e, bom relacionamento entre os pais.
Somado a tudo isso aquele beijo do pai ou da mãe antes de sair para a escola, com certeza, vai pesar tanto quanto tudo que citamos. Amor faz toda diferença e agrega prazer a vida.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Sorria você está sendo filmado!!!
Durante dois dias, estudantes de Jornalismo de Niterói emprestaram o microfone aos niteroienses. Em frente as câmeras os moradores deram sua opinão e reclamaram do que acham errado, além de deixar espaço para música e bom humor.
Confira o resultado dessa curiosa experiencia no documentário Na Lente.
Confira o resultado dessa curiosa experiencia no documentário Na Lente.
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segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Puberdade, pior que ela só a adolescência
Por Silvana Martani
Autora e organizadora do Livro Uma Viagem pela Puberdade e Adolescência, a psicóloga é formada pelo Instituto Unificado Paulista / Faculdade Objetivo 1978 – 1982.
Eles estão com 11, 12, 13 anos. São jovens no meio da puberdade que começa aos oito anos para as meninas e aos nove para os meninos. Nessa fase são insuportáveis, questionam medem forças e reclamam por tudo: tomar banho, se pentear, almoçar, fazer tarefas, cuidar de suas coisas e estudar. Tudo é motivo para o drama regado a muita cena, choro e gritos.
Estamos presenciando a puberdade e algumas de suas manifestações mais comuns. Tudo nessa fase parece estranho, tanto para os pais como para os filhos. Os filhos se sentem diferentes, com pavio curto e irritados com tudo. Hora se sentem cansados, ora estão prontos para correr uma maratona. O que parecia certo agora parece errado, tornando a convivência muito difícil.
A puberdade é uma fase importante da vida dos jovens. É ela que possibilita o rito de passagem entre a infância e a adolescência, é nela que o luto dessa despedida é intensamente vivenciado e elaborado, é nela que o mundo começa a mudar de cor é quando o menino ou menina vão começar a sentir toda gama de mudanças físicas e emocionais que se intensificarão mais tarde.
Os pais ficam tensos, começam a se preocupar mais com as coisas que ouvem dos filhos (não que antes não se preocupassem). Seu palavreado, suas idéias, manifestações, hábitos, vontades e toda gama de comportamentos que começa agora a mudar mais rápido do que é possível se adaptar.
Mais questionadores ainda, os jovens não tem noção de como organizar as idéias, as novas competências e recursos psicoemocionais, o que acaba normalmente gerando uma série de equívocos nas relações.
Quando um comportamento é instituído, se inauguram uma série de atuações inéditas que sempre serão acompanhadas de excessos pois, como sabemos, a ponderação não é um atributo nessas circunstâncias, ou seja, quando questionam, fazem isso muito pelo prazer de exercitar o novo recurso e para se certificarem de que estão agora concordando com a tal idéia ou padrão.
Permitir que o filho se expresse e orientar seus excessos, além de ajudá-lo a encontrar a medida certa para avaliar as situações, é uma boa conduta para sedimentar o terreno de entendimentos para quando a adolescência chegar. Os pais de filhos na puberdade sabem que essas mudanças acontecem e tentam se preparar para elas, mas ninguém está pronto.
Mesmo aqueles que já passaram por isso com outros filhos podem se surpreender com às mudanças bruscas de humor, com a irritabilidade, rebeldia, a oposição constante às idéias dos pais, o desdém dos valores da infância e dificuldade de se entreter, entre outras coisas.
Com certeza, quando a puberdade se inicia os jovens estarão preparados para ela e seus muitos desdobramentos. Aos pais restará uma eterna paciência aliada a crença de tudo que será vivido, todas as brigas, a medição de forças, os choros, as atormentações - como um grande laboratório para a construção da melhor medida para aquele indiviíuo, o filho.
Autora e organizadora do Livro Uma Viagem pela Puberdade e Adolescência, a psicóloga é formada pelo Instituto Unificado Paulista / Faculdade Objetivo 1978 – 1982.
Eles estão com 11, 12, 13 anos. São jovens no meio da puberdade que começa aos oito anos para as meninas e aos nove para os meninos. Nessa fase são insuportáveis, questionam medem forças e reclamam por tudo: tomar banho, se pentear, almoçar, fazer tarefas, cuidar de suas coisas e estudar. Tudo é motivo para o drama regado a muita cena, choro e gritos.
Estamos presenciando a puberdade e algumas de suas manifestações mais comuns. Tudo nessa fase parece estranho, tanto para os pais como para os filhos. Os filhos se sentem diferentes, com pavio curto e irritados com tudo. Hora se sentem cansados, ora estão prontos para correr uma maratona. O que parecia certo agora parece errado, tornando a convivência muito difícil.
A puberdade é uma fase importante da vida dos jovens. É ela que possibilita o rito de passagem entre a infância e a adolescência, é nela que o luto dessa despedida é intensamente vivenciado e elaborado, é nela que o mundo começa a mudar de cor é quando o menino ou menina vão começar a sentir toda gama de mudanças físicas e emocionais que se intensificarão mais tarde.
Os pais ficam tensos, começam a se preocupar mais com as coisas que ouvem dos filhos (não que antes não se preocupassem). Seu palavreado, suas idéias, manifestações, hábitos, vontades e toda gama de comportamentos que começa agora a mudar mais rápido do que é possível se adaptar.
Mais questionadores ainda, os jovens não tem noção de como organizar as idéias, as novas competências e recursos psicoemocionais, o que acaba normalmente gerando uma série de equívocos nas relações.
Quando um comportamento é instituído, se inauguram uma série de atuações inéditas que sempre serão acompanhadas de excessos pois, como sabemos, a ponderação não é um atributo nessas circunstâncias, ou seja, quando questionam, fazem isso muito pelo prazer de exercitar o novo recurso e para se certificarem de que estão agora concordando com a tal idéia ou padrão.
Permitir que o filho se expresse e orientar seus excessos, além de ajudá-lo a encontrar a medida certa para avaliar as situações, é uma boa conduta para sedimentar o terreno de entendimentos para quando a adolescência chegar. Os pais de filhos na puberdade sabem que essas mudanças acontecem e tentam se preparar para elas, mas ninguém está pronto.
Mesmo aqueles que já passaram por isso com outros filhos podem se surpreender com às mudanças bruscas de humor, com a irritabilidade, rebeldia, a oposição constante às idéias dos pais, o desdém dos valores da infância e dificuldade de se entreter, entre outras coisas.
Com certeza, quando a puberdade se inicia os jovens estarão preparados para ela e seus muitos desdobramentos. Aos pais restará uma eterna paciência aliada a crença de tudo que será vivido, todas as brigas, a medição de forças, os choros, as atormentações - como um grande laboratório para a construção da melhor medida para aquele indiviíuo, o filho.
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terça-feira, 4 de setembro de 2007
Leitura correta e produtiva
Por Luiz Gonzaga Bertelli
* Presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da Fiesp
Durante mais de um mês os jornais estamparam, com o merecido destaque, os dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), dando destaque à posição do Estado de São Paulo, que teve apenas 16,2% dos cursos superiores com avaliação máxima (4 e 5), muito atrás do Rio Grande do Norte, o primeiro colocado com 37,8% dos cursos com os maiores conceitos. Tais resultados certamente servirão de munição para os costumeiros disparos que virão de várias frentes, desde os “palpiteiros” superficiais, que defendem soluções midiáticas sem base sólida, até os ideólogos de plantão, vezeiros em manipular/descontextualizar índices para fins politiqueiros, ou os eternos otimistas, que teimam em fechar os olhos para a realidade e valorizar excessivamente os poucos avanços pontuais da educação nas últimas décadas.
Entretanto, para que obtenham efetivamente os melhores efeitos da alentada pesquisa e também o seu melhor uso, a análise do Enade 2006 não deverá se centrar no desempenho de São Paulo, até porque as universidades públicas estaduais – seguramente entre as de melhor qualidade do País – continuam firmes na recusa de participar desse exame que, em última análise, representa uma espécie de prestação de contas ao contribuinte que arca com o dinheiro que as mantém como ilhas de excelência. Vale, também, considerar que são paulistas oito dos 45 cursos com nota 5, a maior tanto na avaliação geral como no índice de conhecimento que a escola agrega ao aluno durante os anos de estudo. Isso, além de sediar 1.346 (23, 6%) dos 5.701 cursos incluídos no Enade 2006 e, no ensino, nem sempre quantidade significa qualidade.
Numa leitura responsável e produtiva, o Enade deveria balizar o resgate da educação que atravessa, provavelmente, a quadra mais negra de sua história. A não ser pelas sempre honrosas exceções, o que se vê é um preocupante fracasso, que vai da educação infantil à pós-graduação e frustra as esperanças de ascensão social e profissional de milhões de jovens pelo caminho digno do estudo e do trabalho. Essa não é uma missão apenas dos detentores do poder público, que mais falam do que agem em favor da qualidade do ensino. Mas deve envolver a sociedade que sinaliza para uma letargia perniciosa, ao relegar a educação a um mero sétimo lugar entre as prioridades nacionais, segundo recente pesquisa de opinião. Já a pesquisa Perfil do Universitário da Região Metropolitana de São Paulo, que o CIEE divulga nesta terça-feira, 12 de junho, mostra que 55% dos alunos das faculdades, talvez num reflexo de sua própria experiência, elegem a crise educacional como uma das mais graves do País, apenas um pouco atrás da corrupção no governo, com 60%. Em quarto lugar, com 40%, aparece o desemprego.
Com experiência de 43 anos na inclusão profissional dos estudantes por meio do estágio, o CIEE vê com preocupação não apenas os baixos indicadores de desempenho escolar, mas também o crescente descolamento dos currículos da realidade do mundo do trabalho. Preparar o aluno para compor a força de trabalho não é a única finalidade da educação formal, mas seguramente deve ser encarada como uma das mais importantes, tanto pelo impacto que a escolaridade provoca no desenvolvimento socioeconômico dos países, quanto por sua contribuição para a renda e a qualidade de vida de seus cidadãos. Isso vale em especial para as nações emergentes, como já demonstraram experiências anteriores, caso dos sempre citados saltos da Coréia do Sul e de outros Tigres Asiáticos.
O Brasil parece estar entrando num ciclo de retomada de desenvolvimento, mesmo que isso aconteça com atraso e abaixo do ritmo desejado por boa parte da opinião pública. Caso esse processo se consolide, é muito provável que se torne mais agudo o problema da capacitação da mão-de-obra brasileira para atuar nos padrões produtivos da moderna economia. Portanto, é cada vez mais urgente a necessidade de oferecer aos jovens todas as oportunidades de se prepararem adequadamente para enfrentar o desafio de conquistar um espaço no mercado de trabalho e assim, quem sabe, o País deixará de conviver com uma realidade vergonhosa: a faixa etária mais penalizada pelo desemprego é exatamente aquela que se situa entre os 15 e os 24 anos.
Nessa tarefa, as empresas e os órgãos públicos têm um relevante papel a desempenhar, cumprindo não apenas com sua responsabilidade fiscal, mas também colhendo bons frutos com sua iniciativa. Trata-se da adoção de programas de estágio que, realizados de acordo com a lei específica, complementam a formação acadêmica e propiciam a aquisição de habilidades atitudinais pelos estudantes. Essa experiência vem se firmando, cada vez mais, como um eficiente instrumento para a preparação de futuros profissionais de acordo com a cultura da organização, além de se revelar uma fértil fonte de recrutamento de novos talentos, com um índice de 64% de efetivação dos estagiários, após um ou dois períodos de treinamento.
A realidade atual mostra a necessidade de aproximar cada vez mais o ensino acadêmico dos acelerados avanços organizacionais e tecnológicos do mundo empresarial, em que a esmagadora maioria dos jovens terá de atuar, mais cedo ou mais tarde, para realizar suas aspirações de um futuro mais digno e mais justo. E o caminho mais curto para isso, sem sombra de dúvida, é o estágio.
* Presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da Fiesp
Durante mais de um mês os jornais estamparam, com o merecido destaque, os dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), dando destaque à posição do Estado de São Paulo, que teve apenas 16,2% dos cursos superiores com avaliação máxima (4 e 5), muito atrás do Rio Grande do Norte, o primeiro colocado com 37,8% dos cursos com os maiores conceitos. Tais resultados certamente servirão de munição para os costumeiros disparos que virão de várias frentes, desde os “palpiteiros” superficiais, que defendem soluções midiáticas sem base sólida, até os ideólogos de plantão, vezeiros em manipular/descontextualizar índices para fins politiqueiros, ou os eternos otimistas, que teimam em fechar os olhos para a realidade e valorizar excessivamente os poucos avanços pontuais da educação nas últimas décadas.
Entretanto, para que obtenham efetivamente os melhores efeitos da alentada pesquisa e também o seu melhor uso, a análise do Enade 2006 não deverá se centrar no desempenho de São Paulo, até porque as universidades públicas estaduais – seguramente entre as de melhor qualidade do País – continuam firmes na recusa de participar desse exame que, em última análise, representa uma espécie de prestação de contas ao contribuinte que arca com o dinheiro que as mantém como ilhas de excelência. Vale, também, considerar que são paulistas oito dos 45 cursos com nota 5, a maior tanto na avaliação geral como no índice de conhecimento que a escola agrega ao aluno durante os anos de estudo. Isso, além de sediar 1.346 (23, 6%) dos 5.701 cursos incluídos no Enade 2006 e, no ensino, nem sempre quantidade significa qualidade.
Numa leitura responsável e produtiva, o Enade deveria balizar o resgate da educação que atravessa, provavelmente, a quadra mais negra de sua história. A não ser pelas sempre honrosas exceções, o que se vê é um preocupante fracasso, que vai da educação infantil à pós-graduação e frustra as esperanças de ascensão social e profissional de milhões de jovens pelo caminho digno do estudo e do trabalho. Essa não é uma missão apenas dos detentores do poder público, que mais falam do que agem em favor da qualidade do ensino. Mas deve envolver a sociedade que sinaliza para uma letargia perniciosa, ao relegar a educação a um mero sétimo lugar entre as prioridades nacionais, segundo recente pesquisa de opinião. Já a pesquisa Perfil do Universitário da Região Metropolitana de São Paulo, que o CIEE divulga nesta terça-feira, 12 de junho, mostra que 55% dos alunos das faculdades, talvez num reflexo de sua própria experiência, elegem a crise educacional como uma das mais graves do País, apenas um pouco atrás da corrupção no governo, com 60%. Em quarto lugar, com 40%, aparece o desemprego.
Com experiência de 43 anos na inclusão profissional dos estudantes por meio do estágio, o CIEE vê com preocupação não apenas os baixos indicadores de desempenho escolar, mas também o crescente descolamento dos currículos da realidade do mundo do trabalho. Preparar o aluno para compor a força de trabalho não é a única finalidade da educação formal, mas seguramente deve ser encarada como uma das mais importantes, tanto pelo impacto que a escolaridade provoca no desenvolvimento socioeconômico dos países, quanto por sua contribuição para a renda e a qualidade de vida de seus cidadãos. Isso vale em especial para as nações emergentes, como já demonstraram experiências anteriores, caso dos sempre citados saltos da Coréia do Sul e de outros Tigres Asiáticos.
O Brasil parece estar entrando num ciclo de retomada de desenvolvimento, mesmo que isso aconteça com atraso e abaixo do ritmo desejado por boa parte da opinião pública. Caso esse processo se consolide, é muito provável que se torne mais agudo o problema da capacitação da mão-de-obra brasileira para atuar nos padrões produtivos da moderna economia. Portanto, é cada vez mais urgente a necessidade de oferecer aos jovens todas as oportunidades de se prepararem adequadamente para enfrentar o desafio de conquistar um espaço no mercado de trabalho e assim, quem sabe, o País deixará de conviver com uma realidade vergonhosa: a faixa etária mais penalizada pelo desemprego é exatamente aquela que se situa entre os 15 e os 24 anos.
Nessa tarefa, as empresas e os órgãos públicos têm um relevante papel a desempenhar, cumprindo não apenas com sua responsabilidade fiscal, mas também colhendo bons frutos com sua iniciativa. Trata-se da adoção de programas de estágio que, realizados de acordo com a lei específica, complementam a formação acadêmica e propiciam a aquisição de habilidades atitudinais pelos estudantes. Essa experiência vem se firmando, cada vez mais, como um eficiente instrumento para a preparação de futuros profissionais de acordo com a cultura da organização, além de se revelar uma fértil fonte de recrutamento de novos talentos, com um índice de 64% de efetivação dos estagiários, após um ou dois períodos de treinamento.
A realidade atual mostra a necessidade de aproximar cada vez mais o ensino acadêmico dos acelerados avanços organizacionais e tecnológicos do mundo empresarial, em que a esmagadora maioria dos jovens terá de atuar, mais cedo ou mais tarde, para realizar suas aspirações de um futuro mais digno e mais justo. E o caminho mais curto para isso, sem sombra de dúvida, é o estágio.
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